terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Adoção tardia - ajuda que veio das "fadinhas"



Eu poderia dissertar um monte sobre a adoção tardia, mas tenho lido vários blogs que já possuem um bom texto sobre isso, por isso vou colocar um linq que gostei (http://adocaotardia.blogspot.com/2007/06/mitos-x-nossas-verdades-i-queremos.html) e vou direto para a minha experiência com adoção tardia.

Meus filhos mais velhos chegaram com sete e oito anos e com muitas atitudes que não condiziam com a idade, às vezes mais e muitas vezes menos.

A pior dificuldade para mim era conseguir entende-los, criei o meu biológico falando e explicando sobre tudo, então com sete anos ele é uma criança que sabe se expressar o que sempre me ajudou muito. Porém me deparei com a situação de ter que construir isso com os outros, mas tive que ser muito mais criativa do que apenas conversar como fazia antes.
Hoje pela manhã depois de brincadeiras, lições de casa, jogos educativos, minha filha mais velha começou a chorar e foi para baixo de um colchão. E lá fui eu sentar na frente dela, pegar em suas mães e perguntar o que foi filha? E como sempre nada...ela sempre evita o meu olhar e chora...eu tinha que descobrir o motivo para tentar ajudá-la.
Foi então que apelei para os brinquedos, peguei um conjunto de fadinhas da Tinker Bell que ela tem, e por minha sorte era o número que eu precisava cinco.
Peguei duas e disse, essa é a fada da tristeza, e essa é a fada da raiva, pegue na mão aquela que você está sentindo agora. Para meu espanto foi a da raiva!
Então peguei as quatro fadas que sobraram e disse cada fada é um de nós aqui em casa (meu marido não estava), mostre para a mãe quem te provocou a raiva, e sem me espantar ela pegou o meu filho biológico, alvo de muito ciúme, algo perfeitamente normal (acredito).
E naquele momento ela começou a chorar muito. Fui aos poucos retomando todas as atividades que tínhamos feito para encontrar o motivo da raiva por ele, e descobri que era porque ele havia rido dela na hora do jogo educativo. É que minha filha mais velha tem problemas de aprendizado e está na mesma série dos irmãos, porém não possui o mesmo ritmo (algo que estamos aprendendo a lidar).
Chamei os irmãos e expliquei a situação, eles falaram que não foi por mal e levaram ela correndo para o jardim mostrar que a flor que ela havia plantado era a mais bonita, voltaram carregando ela no colo pelos braços e pernas, e não preciso dizer que tudo acabou em gargalhadas pelo chão, com a menor gritando "agola é eu".
Desde o início teve que ser assim, teatro para encontrar a verdade nas mentiras que contavam, e como contavam...desenhos para expressar sentimentos. Brincadeiras para aproximar irmãos.
Adoção tardia, não tem troca de fraldas e chupetas pela casa, mas tem muito xixi pela cama e dedo polegar fino de tanto chupar. (Detalhe: meus quatro filhos ainda chupam o dedo a noite) Não tem noites mal dormidas com choro, mas tem longas noites em que adormecemos ao lado deles. Não tem chorinhos de manha, mas tem choros que te pedem um carinho igual. Não tem os primeiros passos, mas tem alguém que corre para te abraçar quando te veem e ainda com os olhos brilhando. Não tem primeiras palavras, mas tem palavras que vem junto como: a mãe é tão bonita, ou como ouvir pela primeira vez eu te amo depois de semanas de convivência.
O nosso sim existiu porque se tratava de uma adoção tardia, se fossem três bebes não nos sentiríamos tão encorajados.

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